quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Feliz 2011

"Meu voto para o Ano Novo: que nos preocupemos menos em mudar nossas vidas e encontremos jeitos de conseguir desejar o que já desejamos sem transformar nosso desejo em obrigação." (Contardo Calligaris)
O ioga traduziria isso em: viver no presente prestando menos atenção às insatisfações e colocando mais vitamina nas satisfações.
Namastê!

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

"O ioga não é uma ciência terapêutica, em absoluto. É uma ciência para libertar a alma, ao levar a consciência, a mente e o corpo a um estado de integração. Tome, como exemplo, uma fábrica que foi construída para produzir determinado produto. Felizmente ou não, muitos outros produtos podem ser produzidos ao mesmo tempo, e ter o mesmo valor de mercado. Por isso, é possível esquecer a finalidade original com que se instalou a fábrica e dedicar-se aos produtos secundários. Da mesma forma, o ioga tem várias facetas. Embora o objetivo e o ápice do ioga sejam vislumbrar a alma, ele produz outros efeitos benéficos, como saúde, felicidade, paz e elegância natural." ("A Árvore do Ioga", B.K.S.Iyengar, editora Globo)

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Coisas a desejar


Esse é o título da mensagem que recebi da minha amiga iogue Tabita que reproduzo abaixo:

"Caminha placidamente por entre o ruído e a pressa, e lembra-te da paz que existe no silêncio. Tenta, na medida do possível, estar de bem com todos.



Exprime a tua verdade com tranquilidade e clareza. Escuta quem te rodeia, inclusive as pessoas desinteressantes e incultas; também elas têm uma história para contar.


Evita gente conflituosa e agressiva que tanto mal faz ao espírito. Se te comparares com os outros, poderás tornar-te amargo ou arrogante, pois haverá sempre alguém melhor e pior que tu.


Regozija-te com as tuas conquistas e os teus projetos. Mantém vivo o interesse pela tua carreira por mais humilde que seja; é um verdadeiro bem, nesta época de constante mudança.


Sê prudente nos teus negócios – o mundo está cheio de armadilhas. Mas não feches os olhos à virtude que existe em teu redor, nem às pessoas que defendem os seus ideais e lutam por valores mais altos – a vida está cheia de heroísmo.


Sê tu próprio. Acima de tudo, não sejas falso, nem cínico em relação ao amor que, face a tanta aridez e desencanto, se mantém perene como uma haste de erva.


Aceita com serenidade a passagem do tempo, sabendo deixar graciosamente para trás as coisas da juventude. Cultiva a força de espírito, para te protegeres de azares inesperados.


Mas não te atormentes a imaginar o pior. Muitos medos nascem do cansaço e da solidão.


Mantém uma autodisciplina saudável mas sê benevolente contigo mesmo. És um filho do Universo, como as árvores e as estrelas.


Tens todo o direito ao teu lugar no mundo. Poderá não ser claro para ti, mas a verdade é que o Universo está a evoluir como previsto.


É importante, assim, que estejas em paz com Deus, seja qual for a tua concepção d’Ele, e em paz com a tua alma, sejam quais forem os teus anseios e aspirações no ruidoso tumulto da vida. Apesar de todos os enganos, dificuldades e desilusões, vivemos num mundo bonito.


Alegra-te. Luta pela tua felicidade."

Desiderata, 1927, Max Ehermann

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Não se engane

Outro dia uma pessoa se referiu ao início da aula de yoga - quando nos sentamos em Sukasana, fechamos os olhos e unimos as mãos à frente do peito - como meditação. Esse é um equívoco que povoa a cabeça de muitos (e já povoou a minha também), praticantes e não praticantes de yoga. Por isso resolvi escrever sobre, para tentar desfazer essa confusão. Aquele início da aula é muito importante porque prepara o praticante para os asanas (posturas), trazendo a atenção dele para dentro e a consciência para a respiração e a percepção do próprio corpo. É como um "aquecimento". A meditação é uma experiência profunda e muito pessoal que, inclusive, segundo os grandes mestres yogues, não pode ser ensinada:

"Ao contrário do que dizem muitos professores, a meditação não elimina o estresse. Ela só é possível quando já se atingiu um certo estado de 'não-estresse'. Para isso, o cérebro já deve estar calmo e sereno. (...) Em termos técnicos, a verdadeira meditação, na acepção que lhe atribui a ioga, não pode ser praticada por alguém que se encontra sob estresse ou que tem um corpo frágil, pulmões fracos, músculos retesados, coluna envergada, mente flutuante, agitação mental ou timidez. Muitas pessoas pensam que sentar-se quieto é meditação. É um equívoco. A verdadeira meditação nos leva à sabedoria (jnana) e à percepção (prajna), e isso tem o efeito específico de nos ajudar a compreender que somos mais do que nosso ego. Para tanto, precisamos da preparação que nos oferecem as posturas e a respiração, o recolhimento dos sentidos e a concentração." (B.K.S. Iyengar em "Luz na Vida", Summus Editorial)

É, minha gente, o caminho é longo...

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Feliz Aniversário!

Neste vídeo (que eu não sei de que ano é) Iyengar ensina Eka Pada Sarvangasana e Halasana

Hoje, B.K.S.Iyengar completa 92 anos. Ele foi o mestre que mais popularizou a ciência do yoga no Ocidente e no Oriente. Já contei um pouco sobre a história dele aqui, de como a prática de asanas (posturas) fez a criança doente que ele foi se tornar um jovem forte e vigoroso. O sr. Iyengar não é um iluminado, mas um homem criativo e de rara inteligência que criou um método capaz de servir a todos os tipos de corpos na prática do yoga. E isso o torna mais interessante ainda. A fim de homenageá-lo, reproduzo abaixo algumas de suas palavras:
"Muitos interpretam erroneamente a jornada interior ou caminho espiritual como uma rejeição ao que é natural, mundano, prático, cheio de prazeres. Para um iogue (ou mestre taoísta, ou monge Zen), ao contrário, a senda que leva ao espírito se situa inteiramente nos domínios da natureza. Trata-se de explorá-la, desde o mundo das aparências, ou superfície, até o coração mais sutil da matéria viva. A espiritualidade não é um objetivo externo que devemos perseguir, mas uma parte do cerne divino em cada um de nós que devemos revelar. Para o iogue, o espírito não se encontra separado do corpo. (...) Na verdade, o próprio termo 'caminho espiritual' é inadequado. Afinal, como se pode caminhar na direção de algo que, como a Divindade, está por definição em toda parte? Uma imagem melhor seria dizer que, se arrumarmos e limparmos bem a nossa casa, poderemos um dia perceber que a divindade esteve ali o tempo todo."

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

"(...)somos livres quando já não temos a ilusão do tempo a nos prender ao passado e ao futuro e distorcer o presente." B. K. S. Iyengar

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Déjà-vu

Vira e mexe são publicadas notícias sobre descobertas científicas decorrentes de pesquisas aplicadas em voluntários geralmente divididos em um grupo de pessoas que testam a hipótese e outro grupo chamado controle, que não experimenta a "novidade" pra ver até onde ela "funciona". Às vezes, a descoberta não soa como descoberta de verdade e mais parece um déjá-vu, aquela coisa que a gente já viu em algum lugar, ou aquela sensação de já termos vivido aquilo antes. Tive essa sensação ao ler uma nota no jornal Folha de S.Paulo no último dia 12. A minirreportagem anunciava: "Dispersão mental causa infelicidade, aponta pesquisa". E continuava contando que um estudo divulgado nos EUA pela Universidade de Harvard (e publicado na revista Science) concluiu que as pessoas gastam quase metade do tempo imaginando que gostariam de estar em algum outro lugar ou fazendo outra coisa que não a que elas fazem. A pesquisa acompanhou 2.250 pessoas. Palavras dos psicólogos Matthew Killingsworth e Daniel Gilbert: "A mente humana é uma mente dispersa e uma mente dispersa é uma mente infeliz". E ainda: "Nossa vida mental é permeada, em um nível significativo, pelo não presente". A sensação de "não novidade" me pegou exatamente aí: o yoga, ciência que nasceu na Índia, diz isso há 8 mil anos. Seu objetivo é acalmar o corpo, acalmar a respiração e, finalmente, acalmar a mente. Não se trata de mágica, tampouco de crença. Trata-se exclusivamente de prática. Faço minhas as palavras do meu professor: "Yoga: não acredite. Pratique."
Namastê!

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Aprender de novo

No último fim de semana, participei do workshop de Iyengar Yoga com o professor indiano Arun, na Escola Yoga Dham, em São Paulo. Ele é discípulo do mestre BKS Iyengar, a quem se refere o tempo todo como guruji (uma forma carinhosa para a palavra "guru"). Daria para me estender aqui em muitas linhas sobre o quanto aprendi em dois dias... Muitos detalhes me chamaram a atenção no modo como Arun ensina, desde a mistura de espiritualidade com pragmatismo, a simplicidade com que ensina os asanas e a inesgotável criatividade no uso dos props (acessórios usados na prática de Iyengar Yoga). Outra marca do Arun é o modo como ele permanece nas posturas: em TODAS, seja Virabhadrasana I ou Supta Badha Konasana, ele fica completamente relaxado, leve, e isso não tem a ver só com o fato de praticar há mais de 30 anos (acho que é isso), mas de realizar as posturas com uma atitude interna diferente. Ele pratica usando a mente, não só o corpo. É bem bonito de ver.
Ao falar sobre o efeito das posturas invertidas (segundo Arun, 20 minutos de invertidas têm o efeito de 3 horas de sono), nos advertiu para o fato de que esses asanas podem nos viciar e arrematou: "Yoga é tirar o vício". Pois é, muitas vezes, nós praticantes nos tornamos quase obsessivos levados pela disciplina que a própria prática exige. E às vezes, sem perceber, a prática das posturas vai virando uma ginástica. E aí o yoga se perdeu...
Ainda tomando emprestadas as palavras de Arun: "Nada vai acontecer se você quebrar um hábito".
Namastê!
http://www.yogashraya.org/ (o site dele)

Supta Badha Konasana: Arun, você e eu conseguimos relaxar neste asana


Virabhadrasana I: só o Arun mesmo pra dormir nesta postura...

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Alguém conhece algum cachorro com problema na coluna?

Paschimottanasana (Postura da Pinça)



"Esta asana tonifica os órgãos abdominais e estimula seu funcionamento. Além disso, tonifica os rins, rejuvenesce toda a coluna e melhora a digestão.
A coluna dos animais é horizontal, e seu coração fica abaixo dela. Isso os mantêm saudáveis e lhes dá grande resistência. Nos seres humanos, a coluna é vertical, e o coração tem localização distinta, por isso nos cansamos facilmente e somos afetados por doenças cardíacas. Na Paschimottanasana, a coluna é mantida reta e horizontal, e o coração fica num nível inferior em relação a ela. Um bom tempo nessa posição massageia o coração, a coluna e os órgãos abdominais, que se sentem refrescados, e descansa a mente."  ("A Luz da Ioga", B.K.S. Iyengar, editora Cultrix)

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Gente fina, elegante e sincera

Providenciou-se uma chuvinha para refrescar o dia. Trouxeram entusiasmo, interesse e tapas (autoesforço). Pronto! Estava formado o grupo de nove pessoas (11 ao todo, incluindo a Cristina e eu) que se encontrou no primeiro Sábado Yogue do Samadhi Spa Urbano (6/11/10) para praticar asanas (posturas de yoga), escutar, trocar experiências, aprender, ensinar e até cantar um pouco de mantras. Foi um dia bem especial... E pessoas reunidas com o mesmo objetivo só podem trazer boa sorte...
Obrigada!
Abaixo, algumas fotos do encontro.
Aguardem o próximo!
Namastê.

Depois da prática da manhã, a alegria ao avistar o cuscuz marroquino fresquinho

Assunto não faltou...

...no bangalô à espera da sobremesa

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Um ensinamento védico diz:
"Satyam bruyat priyam bruyat."
("Fale o que é verdadeiro e fale o que é agradável.")

domingo, 31 de outubro de 2010

Convite especial

Praticar yoga olhando para um jardim visitado por beija-flores e passarinhos comedores de pitangas (que caem do pé!) no meio da cidade é possível. Se você ainda não conhece o Hum Yoga, espaço que oferece aulas de Hatha Yoga e Kundalini Yoga dentro do Spa Urbano Samadhi, em Ribeirão Preto, a hora é agora! A professora Cristina Vinholis Rezende e eu convidamos a todos (nem todos, porque há somente 10 vagas disponíveis... Então, corra!) para um sábado yogue: com prática de posturas, estudo de mantras, filosofia e um almoço saudável e delicioso. Um dia pra você cuidar da mente e do corpo e recarregar as baterias para a semana!
Detalhes no convite abaixo.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010



"Todas as coisas mudam. Nada termina."
                                                         Ovídio

terça-feira, 19 de outubro de 2010

O que é bom precisa ser conhecido

Minha amiga e ex-professora de yoga Mariana Akamine se uniu à professora Lua Tatit e juntas elas criaram o projeto C_O_R_P_O - O equilíbrio para a sua empresa. Espiem, contatem, desfrutem, divulguem!

http://www.yoganasempresas.blogspot.com/

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Prioridades


Dia sim, dia não escuto alguém dizer que está muito estressado, correndo de um lado para o outro e que está precisando relaxar um pouco, quem sabe começar a praticar yoga etc., etc., etc. Fico pensando se esse muro de lamentações já não se transformou num meio de vida. As pessoas reclamam que não têm tempo para elas, que gostariam de começar a caminhar todos os dias, que gostariam de jogar futebol duas vezes por semana, que gostariam de começar aquela aula de yoga, que gostariam de ir para a aula de pintura etc., etc., etc., etc., se alimentam dessa ladainha e não saem do lugar efetivamente. Eu desconfio que esse chororô permanente (reclama-se até do que se gosta!): 1) é um jeito de as pessoas mostrarem que são seres do mundo contemporâneo (o que pressupõe seres ocupadíssimos, "produtivíssimos" e plugadíssimos em tudo e nada); 2) é um modo de as pessoas se reconhecerem. "Será que se eu mudar, desacelerar um pouco, dedicar 2 horas por semana só para mim eu continuarei a ser eu?!"; "Não estarei perdendo algo?!"...
E quando finalmente o ocupadíssimo(a) resolve se dedicar a ele(a) (pelo menos duas vezes por semana vai correr no parque), ao menor sinal de contrariedade, a primeira coisa que ele(a) corta é essa tal atividade "ligada ao bem-estar", como se isso fosse de fato um acessório, um plus a mais. Então, tá. Viver "de verdade" é não ter tempo para si mesmo. Mas, não seria o contrário?! Ou achamos que vai dar tempo, depois a gente muda o que incomoda, vai! "Amanhã eu tento ser uma pessoa mais relax..."Como se essa atitude acontecesse como um passe de mágica...
O yoga não é o único caminho para se aprender a viver com um pouco de equilíbrio, mas ensina duas coisas preciosas: ser preciso (não se enganar com desculpas) e a viver o presente (o que não combina com deixar nada para amanhã).
Namastê!

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Setu Bandha Sarvangasana

Setu = ponte
Setu Bandha = construção de uma ponte
Sarvanga = todo o corpo ou todos os membros

"A porta de entrada para a saúde humana são os sistemas respiratório e circulatório. Quando você faz Setu Bandha Sarvangasana os pulmões são automaticamente expandidos. Neste asana [postura] o processo respiratório melhora indiretamente mesmo sem o conhecimento de pranayama [exercícios respiratórios]. Aí está o porquê de pacientes encontrarem alívio, quando não há tensão ou esforço. As químicas do sangue mudam, o que os dá saúde." B. K. S. Iyengar, Astadala Yogamala, Vol. 4
Setu Bandha Sarvangasana
A postura em versão com acessórios

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

And the winner is...

Recebi este selinho da Mari, do algosobreyoga.blogspot.com. Obrigada, querida! Quem ganha o selo tem que indicar 6 blogs favoritos. Aí vão eles:

http://blogblaa.blogspot.com/ (sempre contundente)
http://ventodoventre.blogspot.com/ (movido a emoção)
http://yogaecompanhia.blogspot.com/ (autêntico, afetação zero!)
http://www.yoga.pro.br/ (aqui aprendo bastante)
http://oficinadeestilo.com.br/blog/ (amo roupas!)
http://www.conexaoparis.com.br/ (sempre nutrindo meu sonho de conhecer esta cidade...)

terça-feira, 28 de setembro de 2010

  "A unidade da respiração, a consciência e os sentidos seguidos pela aniquilação de todos os conceitos: isso é o yoga."  (Maitrí Upanishad, VI:25)

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Yoga e os mistérios da mente

Estava eu quieta no meu canto, esperando meu professor dizer qual a próxima postura a fazer, e ele me chamou para demonstrar a próxima. Até aí tudo bem. Até que eu soube que teria de demonstrar Urdhva Mukha Svanasana (Postura do Cachorro Olhando para Cima). Não foi um drama, mas confesso que fazia mais de uma semana que não a praticava e ela nunca foi das mais fáceis para mim. Entrei na postura e ele foi fazendo os ajustes necessários e tornando-a cada vez mais eficiente. Ele ia dizendo pra eu ir mais e mais para trás com a coluna e eu simplesmente ia, achei que não fosse mais parar. Porém, enquanto ele não parava de dizer "Vá mais para trás", minha mente me dizia "Não vá, fique, daí você não passa, não ouça o que ele diz". Mas o corpo ia e ia... Eu ainda não havia experimentado esta postura com tanta intensidade. Conclusão: é preciso ter cuidado com os condicionamentos da nossa mente. Às vezes, ela nos breca por medo, por preguiça, por tantas motivações... E nos boicota literalmente. A minha tentou me boicotar naquele dia, mas meu corpo não obedeceu.
Urdhva Mukha Svanasana


 

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Experimente algo novo todos os dias...

Uma aluna saiu da aula comentando que naquele dia estava muito dispersa e reclamou após fazer a Postura do Triângulo Estendido: "Na aula passada eu estava conseguindo ficar mais equilibrada nela!"
Já me peguei muitas vezes também comparando minha prática em relação ao dia anterior ou à semana anterior pensando: "Puxa...Ontem fiz melhor tal postura..." Enquanto fazia isso esquecia que yoga não é performance, yoga não é competição consigo mesmo... Além disso, se estou durante a prática de posturas pensando na prática de ontem, não estou presente no momento presente, então minha prática se tornou só física. Isso não é condenável, mas, sabemos, o yoga pode nos dar mais do que isso. Quando detectei esse comportamento em mim e passei a ficar mais atenta, minha prática mudou. Senti que ficou mais rica depois que mudei de fato minha atitude. Me ajudou a leitura do livro "A Árvore do Ioga" (B. K. S. Iyengar, ed. Globo):

"Você é um iniciante em ioga. Eu também, considerando o ponto em que deixei a minha prática ontem. Não trago as posturas de ontem para a prática de hoje. Eu conheço as posturas de ontem, mas, ao praticar hoje, torno-me novamente um aprendiz. Não quero as vivências de ontem. Quero novas percepções que possam ser acrescentadas ao que já senti até agora."


Utthita Trikonasana (Postura do Triângulo Estendido)

"Tentar repetir uma experiência é um sadhana [busca, prática] feito de modo mecânico, não espiritual. Você tem de manter a experiência em seu bolso, por assim dizer, e assistir o que está vindo hoje. Não deve chamar de volta a experiência de ontem. Essa experiência tornou-se finita porque é reconhecida. Guardando esse reconhecimento, observe o que está acontecendo na prática de hoje. Se você trabalhar dessa maneira, sua prática será um sadhana espiritual. Mas se quiser repetir a experiência do que era novo ontem, é só uma repetição; não é sadhana, não pode ser espiritual."

Experimente! Vale a pena.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Uma das coisas que o yoga nos ensina é viver no momento presente. Estar absolutamente presente em cada ação. Quando nutrimos expectativa em relação a o que quer que seja, não estamos vivendo o momento presente, mas preocupados com o resultado final de algo. Isso não é yoga. Yoga não é se preocupar com o resultado final, mas estar presente na ação presente. Aquela velha história (às vezes tão difícil de entrar na cabeça) de que o bom viajante não se preocupa com onde vai chegar mas em ir. A prática das posturas nos ensina isso também. Importante é realizar as ações corretas naquele momento em determinada postura com o corpo que se tem. Isso é yoga, ação no presente, não no futuro.
Conheço uma pessoa que não é praticante de yogasanas (posturas de yoga) e me ensina yoga dia sim dia não. Porque me ensina a não nutrir expectativas. Então me ensina a estar presente no momento presente. E faz isso com a maior naturalidade, sem esforço, porque já entendeu o ensinamento yogue há muito tempo. Como hoje é seu aniversário, resolvi homenageá-lo oferecendo esta imagem da Lakshmi, a deusa da beleza e da prosperidade.
Obrigada e feliz aniversário, marido!
Namastê!

terça-feira, 31 de agosto de 2010

"Você pode perder os benefícios do que está fazendo porque focaliza em excesso uma atenção parcial na tentativa de tornar a postura perfeita. (...) Focalizar-se num único ponto é concentração. Focalizar-se em todos os pontos, ao mesmo tempo, é meditação. A meditação é centrífuga e também centrípeta. Na concentração, você quer focalizar um determinado ponto, e os demais perdem seu poder de atração. Mas se você espalhar a concentração, da parte estendida para todas as outras partes do corpo, sem perder a concentração na parte estendida, então não perderá a ação interna nem a manifestação externa da postura, e isso lhe ensinará o que é a meditação. A concentração tem um foco; a meditação, não. Esse é o segredo."  "A Árvore do Ioga - A Eterna Sabedoria do Ioga Aplicada à Vida Diária", B.K.S.Iyengar, editora Globo

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Vamos torcer!

Confesso que na minha prática diária de posturas andava negligenciando as torções. Não sei por quê...
Mas faz um tempo que tenho procurado praticá-las pelo menos duas vezes por semana (exceto no período menstrual) e sinto depois das torções um aumento de energia no corpo. Parece que dá uma clareada na mente também. E isso não acontece à toa. As torções literalmente espremem a região pélvica e os órgãos abdominais, aumentando o fluxo de sangue nessa região. Isso melhora a flexibilidade do diafragma e alivia dores nas costas, nos quadris e problemas na virilha. A consequência é uma coluna mais flexível e o aumento do nível de energia. B.K.S. Iyengar diz, inclusive, que depois de espremidos na torção os órgãos voltam à sua posição natural revigorados, funcionando melhor.
Contraindicações: não faça torções se estiver com diarreia ou disenteria, nem se estiver (mulheres!) no período menstrual. Evite estas posturas também se estiver com dor de cabeça, enxaqueca, insônia ou estiver sentindo cansaço excessivo.
Atenção! Não faça estas posturas em casa se elas não fizerem parte do seu repertório de aula. Yoga não é coreografia, então, olhar a foto e tentar copiar a "modelo" sem conhecer os alinhamentos corretos para cada postura pode causar lesões.
Marichyasana (o nome desta postura é uma homenagem ao sábio Marichi, filho de Brahma - criador do Universo)
Fonte: "Yoga - The Path to Holistic Health", B.K.S. Iyengar, DK

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Harmonia

Segundo a filosofia indiana, a natureza se manifesta sob a forma de três forças complementares ou gunas: tamas (massa ou inércia), rajas (vibração ou dinamismo) e sattva (luminosidade ou qualidade de luz). Os gunas nada mais são que atributos naturais de tudo o que faz parte do Universo. Os sábios antigos diziam que a chave para viver com equilíbrio é equilibrar essas três forças. Por exemplo, uma pessoa que sente muita preguiça, sono, letargia, provavelmente é ou está muito tamásica, ou seja, com excesso de energia de tamas. Então, ela precisa equilibrar as outras qualidades nela. Alguém que é muito agitado, não consegue se concentrar numa atividade só, precisa o tempo todo estar em movimento para se sentir bem tem excesso de rajas e também precisa equilibrar as outras qualidades. Mas você pode perguntar: e o que a yoga tem a ver com isso? Essa ciência milenar nos ensina a temperar os três atributos em nós. Na prática de asanas (posturas) tentamos transpor a inércia (tamas) do corpo. É interessante que o nosso corpo seja como é, ou seja, denso, sólido, do contrário não pararíamos em pé. Mas se ele estiver tão denso a ponto de se tornar letárgico, precisamos injetar vibração nele. É aí que entra a prática das posturas. Já no cérebro é interessante que predomine rajas, porque rajas é dinamismo, mas não em excesso, pois do contrário a mente fica mergulhada em turbulência. Novamente, a prática da yoga ajuda a manter o equilíbrio, já que o foco no corpo acaba amansando a mente. Sattva, a qualidade que menos experimentamos, é exatamente o equilíbrio das outras duas. Uma pessoa sáttvica tem a mente ágil, mas não agitada, e o corpo desperto, mas não frenético.
Então, que tal na sua próxima prática de yoga tentar observar esses três ingredientes em você?
Namastê!
Fonte: "Luz na Vida", B. K. S. Iyengar.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Você sabe de onde vem Virabhadrasana?

"Certa feita, Daksha celebrou um sacrifício mas não convidou sua filha Sati nem seu marido Shiva, chefe dos deuses. Sati, porém, foi ao sacrifício, mas tendo sido humilhada e insultada, lançou-se ao fogo e morreu. Quando Shiva soube do fato, sentiu-se profundamente ultrajado, arrancou um fio de cabelo de um de seus cachos e lançou-o ao chão. Surgiu um poderoso herói chamado Virabhadra, que ficou esperando suas ordens. Ele foi incumbido de liderar o exército de Shiva contra Daksha e destruir seu sacrifício. Virabhadra e seu exército apareceram em meio à reunião de Daksha como um furacão e destruíram o sacrifício, afugentaram os outros deuses sacerdotes e decapitaram Daksha."
Esse mito é contado no poema "Kumara Sambhava" ("O Nascimento do Condestável"), de Kalidasa.
Fonte: "A Luz da Ioga", B. K. S. Iyengar, Cultrix
Virabhadrasana I (Postura do Guerreiro I)

domingo, 1 de agosto de 2010

As oito pétalas da yoga

A maioria de nós, quando decide praticar yoga, geralmente está em busca de saúde. E aí, já na primeira aula, nos deparamos com um jeito interessante de fortalecer o corpo e, consequentemente, a saúde, por meio da permanência nas posturas (asanas). O corpo ganha ou aumenta a sua flexibilidade. Aprendemos também a respirar. Ok. Mas a prática de posturas é um dos aspectos do caminho yogue. Existem outros sete passos, que Patanjali definiu como as fases por que passa o yogue:

1-Yama= disciplina social. São as condutas que transcendem credo, país, idade ou época.
2-Niyama=autodisciplina. São as regras de conduta que se aplicam à disciplina individual.
3-Asana=disciplina física por meio da prática de posturas.
4-Pranayama=disciplina mental por meio do controle da respiração.
5-Pratyahara=disciplina ou domínio dos sentidos.
6-Dharana=concentração
7-Dhyana=meditação
8-Samadhi=autorrealização.

Então, praticar yoga não é apenas permanecer nas posturas e aprimorá-las. Praticar yoga não é apenas praticar os pranaiamas. Praticar yoga não é apenas estar presente de verdade em tudo que fazemos. É tudo isso e muito mais. Em breve, escreverei um pouco sobre cada ingrediente.
Namastê!

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Upavistha Konasana

Upavistha= sentado
Kona=ângulo
Devido ao estiramento dos tendões, a prática de Upavistha Konasana ajuda o sangue a circular na região pélvica, mantendo-a saudável. Esta postura relaxa os músculos abdominais, ajuda no tratamento de artrite no quadril, alivia dores ciáticas, ajuda a prevenir e aliviar hérnias, massageia os órgãos reprodutivos, estimula ovários, regula o fluxo menstrual e alivia os sintomas da tensão pré-menstrual.
Atenção: os efeitos das posturas de yoga são sentidos desde que aja a prática regular delas e permanências mais longas.


Fontes: "A Luz da Ioga", B.K.S.Iyengar e "Yoga - The Path to Holistic Health", B.K.S.Iyengar

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Dica

Sempre vale a pena assistir a um filme de Woody Allen. Por tudo. Sua forma absolutamente humana de retratar as pessoas, sua total falta de pretensão, seu senso de humor... Mas o que tem a ver Woody Allen com yoga?? Nada mais yogue que o filme mais recente do diretor, "Tudo Pode Dar Certo". O protagonista, um físico cético e pra lá de mal humorado e neurótico, me fez rir o filme todo e me irritou em certos momentos por sua falta de sutileza... Mas, ao terminar o filme, cheguei à conclusão de que Boris (interpretado pelo ator Larry David) é um personagem extremamente yogue pelo simples fato de pregar o seguinte: viva a vida e pare de se fazer tantas perguntas. Isso é yoga. "A unidade da respiração, a consciência e os sentidos, seguida pela aniquilação de todos os conceitos: isso é Yoga." (Maitrí Upanishad, VI: 25). Não percam o filme e a próxima aula...
Namastê!
Oi, Boris! Bem que você podia praticar umas posturas de yoga, né?

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Acalme a sua língua

Ando vigiando muito a minha língua. Explico: não só durante a minha prática de asanas (posturas), mas durante o meu dia todo, procuro manter a língua relaxada, porque assim minha garganta e meu cérebro relaxam. Segundo a yoga, a garganta é a região do chacra vishuddhi, a roda da purificação, e ela está diretamente ligada à língua e ao cérebro. Tensão é sinônimo de intoxicação e, consequentemente, impurezas. Portanto, enquanto a garganta estiver tensa (e por tabela, a língua e o cérebro) essa roda será impura. Mas não precisamos ir tão longe assim pra perceber que o cérebro quando relaxado aprende melhor do que quando rígido. Nós pensamos com mais clareza quando estamos relaxados e fatalmente nossas ações se tornam mais conscientes. Mas é interessante como estamos habituados a prender a língua dentro da boca, apertando assim a garganta. É por isso (hey, queridos alunos!) que eu repito tanto durante a aula: "Relaxe a língua dentro da boca". A qualidade da prática (e do dia) muda.

Fonte: "Luz na Vida", B.K.S. Iyengar

terça-feira, 13 de julho de 2010

Os obstáculos somos nós que criamos

A Marineide (amiga querida que, além de se chamar na verdade Mariana, é minha ex-professora de yoga e dona do blog algosobreyoga.blogspot.com) veio passar o último feriado conosco (até que enfim!). Na sexta à noite fizemos uma baladinha pretensamente roqueira, nos divertimos muito e voltamos pra casa por volta de 3 e meia da madrugada! Isso é a coisa mais rara pra mim (confesso que sou mais diurna, apesar de adorar a noite. É, é um pouco contraditório). Pois bem. Mari e eu tínhamos combinado de andar na manhã de sábado e praticar um pouco de asanas. O que não estava nos nossos planos era chegar meio-dia no parque... Estava um dia lindo, ensolarado, porém desértico (como tem sido há tempos). Nós duas, POUQUÍSSIMO tolerantes ao calor, estendemos nossos tapetinhos na grama e praticamos sob o sol a pino (temperatura média: 32 graus). Além do sol escaldante, havia outros "impedimentos" ou elementos que poderiam dificultar nossa prática: pessoas em volta jogando futebol e eu, ainda por cima recém-operada, tinha acabado de tirar os pontos (da boca) e sabia que nem todas posturas eu podia fazer. Mas a nossa prática foi incrivelmente fluida, porém forte. Não combinamos a sequência de asanas. Eles iam surgindo naturalmente. Tagarelamos um pouco durante a prática (o que poderia "quebrar" o clima) e até fizemos umas fotos. Realizamos permanências longas de flexões e torções. Ok. Já pratiquei longas permanências de flexões e torções em situações mais confortáveis (ou melhor, sem aquela bola de fogo no céu esturricando os miolos). A questão é que a prática foi altamente refrescante, confortável, "sem tranco". Rigidez zero (mas, repito, fizemos uma prática forte de posturas). Só depois de sairmos do parque é que fomos nos dando conta de como a prática tinha sido especial. Lembramos, claro, do fato de as flexões e torções terem efeito refrescante e percebemos que estávamos totalmente entregues a elas. Ou seja, aparentemente tudo estava indo contra, mas o que a gente fez foi escolher posturas adequadas para a situação e estar presentes no momento presente. Esse foi o nosso infalível veneno antidesconforto...
As torções: à esquerda, eu em Marichyasana; à direita, Marineide (de onde surgem os apelidos, hein?) permanece em Ardha Matsyendrasana
                                                                

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Seja firme e suave

"Embora só se possa avaliar um asana (postura) objetivamente vendo-o de fora, é dentro que ele se sustenta. Ao atingir a postura final, deve-se aprender a soltar o esforço e o retesamento dos músculos e transferir a carga para os ligamentos e as articulações, de modo que mantenham a estabilidade do asana sem que nem mesmo a respiração faça o corpo oscilar. Enquanto sustenta o alongamento, concentre-se não em segurar-se, mas em relaxar e abrir-se." ("Luz na Vida", B.K.S. Iyengar)



Na foto, o sr. Iyengar (de short vermelho) ensinando Virabhadrasana I (Postura do Guerreiro I)

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Prasarita Padottanasana

Prasarita=expandido, estendido, aberto
Pada=pé
tan=esticar, estender
asana=postura
Nesta postura, as pernas são intensamente estiradas, proporcionando bom desenvolvimento do tendão do joelho e do músculo abdutor. A prática regular de Prasarita Padottanasana tem efeito antidepressivo e calmante, já que ela facilita o fluxo de sangue para o tronco e a cabeça; energiza o coração e os pulmões; reduz a pressão sanguínea, tonifica órgãos abdominais, facilita a digestão e refresca o corpo e o cérebro. É possível colocar um almofadão ou bloco embaixo da cabeça, caso o praticante não chegue com o topo dela no chão. Importante: não pressione a cabeça nem o pescoço enquanto estiver nesta postura. Procure equilibrar o peso entre as mãos e os pés, e manter as orelhas afastadas dos ombros.
Segundo B.K.S. Iyengar, não é recomendável ficar mais que 1 minuto nesta postura, especialmente se o praticante for iniciante. Se o praticante tem pressão baixa, deve voltar da postura devagar e gradualmente para evitar tontura.
Fontes: "A Luz da Ioga", B.K.S.Iyengar, Cultrix
"Yoga - The Path to Holistic Health", B.K.S.Iyengar, DK

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Atitude yogue

"Não é com os olhos pregados no mundo exterior, com todos os sentidos abertos e atentos aos fenômenos sensíveis que há de o espírito humano conhecer a sua própria natureza."
                                                                                               Padre Antônio Vieira

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Invista em Ustrasana

Ustrasana (Postura do Camelo)

Não foi amor à primeira vista...Quando comecei a praticar yoga e tinha de fazer Ustrasana na aula (Postura do Camelo) não gostava nada nada. Sentia muita aflição e às vezes até doía um pouco a cabeça. Permanecia na postura pensando "Por favor, acaba logo, preciso sair daqui!" Depois me sentia bem, mas a permanência era sofrida. Com o tempo fui aumentando o tempo dessa permanência e ainda assim me sentia aflita, mas depois me sentia muito feliz. Faz pouco tempo que a permanência nessa postura me deixa feliz. E ficar nela de 20 a 30 segundos quando estou muito cansada devolve a energia quase que no ato! Esse é um dos benefícios desta e de outras retroflexões (ou flexões para trás). Além de desopilar o fígado, é energética, fortalece os músculos das costas e aumenta a capacidade dos pulmões. Depois de longa permanência nela, não é difícil a gente sair dando risada.
Portanto, quando estiver na sua aula de yoga, antes de torcer o nariz para a Postura do Camelo, pense em permanecer nela mantendo a respiração contínua e a atenção no centro do seu coração. Garanto que insistir nela vale a pena!
Contraindicações: não pratique esta postura se estiver com enxaqueca, dor de cabeça por tensão, se sofrer de pressão nos olhos, artrite reumatoide, osteoartrite dos joelhos, diarreia, constipação ou se tiver propensão a insônia. Mulheres no período menstrual também não devem fazer Ustrasana.
PS: não faça a postura caso nunca tenha praticado yoga.
      Os benefícios de todas a posturas se referem a uma prática regular e permanências mais longas.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Uttanasana


Geralmente, quando escrevo aqui sobre alguma postura de yoga é porque ela está na ordem do dia pra mim. Ou porque estou praticando mais ela durante a semana, ou porque estou precisando mais dos efeitos dela, ou ainda porque estou com dificuldade em relação a ela. Tenho pensado muito em Uttanasana, talvez porque tenha ficado duas semanas sem conseguir permanecer muito nela por causa de um machucado no cóccix...
"Esta asana [postura] cura dores de estômago e tonifica o fígado, o pâncreas e os rins. Além disso, alivia as cólicas nos períodos menstruais. O batimento cardíaco é retardado e os nervos da coluna são rejuvenescidos. Toda depressão é removida se se mantiver na posição por 2 minutos ou mais. A postura é muito benéfica para pessoas que se excitam com facilidade, já que acalma o cérebro. Depois de terminar a asana, a pessoa sente-se calma e fria, os olhos começam a brilhar e a mente se sente em paz." ("A Luz da Ioga", B.K.S. Iyengar)

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Aqui se guarda aqui se encontra


"O verdadeiro heroísmo está em conquistar sua própria natureza."

Não lembro onde li esse ditado hindu, mas lembro que guardei na cabeça...

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Inspiração


Como vocês já perceberam, cito bastante aqui no blog o mestre indiano B. K. S. Iyengar, que, com muita criatividade e conhecimento da mecânica corporal, criou um jeito de ensinar Hatha Yoga que acabou virando um método. Quando começamos a praticar yoga, e ao longo da nossa evolução nas posturas, nos deparamos várias vezes com certas armadilhas da nossa mente, que às vezes diz: "Hey, você não consegue fazer isso!" Ou: "Não, é muito desconfortável, você não é capaz de ficar nessa posição"...
 Resolvi colocar este vídeo do Iyengar praticando (na época ele estava com 20 anos. Hoje tem 91) não para dizer: "Hey! Você aí tem que chegar onde ele chegou, ou tem que fazer igual ele". Mas para lembrar que é possível transpor sim as próprias limitações. B.K.S.Iyengar começou a praticar yoga aos 14 anos, tinha sérias dificuldades e saúde muito frágil, como ele mesmo relata no livro "Luz na Vida":
"(...) vim ao mundo já enfermo. Meus braços eram finos, minhas pernas, mirradas, e meu estômago se projetava para fora de maneira nada graciosa. Tão fraco, na verdade, que ninguém esperava que eu continuasse vivo. Minha cabeça, desproporcionalmente maior do que o resto do corpo, pendia sempre para baixo, e só com grande esforço conseguia erguê-la. (...) Eu era frequentemente tomado por uma melancolia profunda, e às vezes me perguntava se a vida valia mesmo tanto tormento."
É quase inacreditável que o cara do depoimento acima é o mesmo do vídeo. Não só é como serve de inspiração para os dias de prática iluminada e para aqueles outros em que parece que o corpo não obedece a gente... É sempre bom mirar alto.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Curinga

Adho Mukha= rosto para baixo
Svana= cachorro


Adho Mukha Svanasana (Postura do Cachorro Olhando para Baixo)

"Quando se está exausto, uma permanência mais demorada nesta posição remove a fadiga e traz de volta a energia perdida. É especialmente boa para corredores (...). Os corredores rasos desenvolverão velocidade e leveza nas pernas. A posição alivia a dor e a rigidez dos calcanhares. Reforça os tornozelos e modela as pernas. A prática desta asana ajuda a eliminar a rigidez nas omoplatas e a artrite dos ombros. Os músculos abdominais são puxados para as costas e reforçados. Com o diafragma erguido para a cavidade torácica, a pulsação é desacelerada. É uma posição que proporciona grande alívio. (...) Como o tronco fica inclinado para a frente, ele é estirado e o sangue limpo é forçado para esta região sem qualquer esforço adicional para o coração. Rejuvenesce as células do cérebro e revigora-o, aliviando a fadiga." ("A Luz da Ioga", B.K.S. Iyengar, editora Cultrix)

Uma vez um professor meu disse que quando ele não tem muito tempo para praticar as posturas ele fica em Adho Mukha Svanasana. Essa é a "postura-curinga" dele. E você? Tem a sua?

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Cultivando tapas

Patanjali, yogue que viveu na Índia por volta do século V a.C., escreveu os Yoga Sutras, obra clássica que é um tratado sobre os aforismos (ou princípios) da yoga, a consciência e a condição humana. Confesso que ainda não o li, mas, vira e mexe, me deparo com ele. Nesse livro, ele fala, entre outras coisas, sobre niyama, que são as regras de conduta que se aplicam à disciplina humana individual. Entre as cinco niyamas está tapas, que significa ardor (ou austeridade) e que pode ser entendida também como autoesforço ou prática.
Paschimottanasana (Postura da Pinça)

Uma noite dessas estava chegando na academia para dar aula e uma aluna minha (que já estava de saída) me chamou na sala e disse: "Preciso te mostrar uma coisa!". Fui atrás dela curiosa e contagiada pelo seu entusiasmo. Ela se sentou no chão, fez  Paschimottanasana (Postura da Pinça) e me disse com os olhos brilhando: "Olha isso!" Ela, que quando iniciou a prática quase não chegava com as mãos nos joelhos, depois de quase 3 meses frequentando as aulas com regularidade estava ali: tranquila na postura, coluna alongada, mãos entrelaçadas além dos joelhos, sorriso nos lábios, desfrutando os resultados de manter tapas dia a dia...

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Yoga não é só prática de posturas


O Bhagavad-Gita é um livro considerado a mais importante fonte autorizada da filosofia iogue. No sexto capítulo desse livro, aparece uma das definições da yoga:

"Uma lâmpada não tremula num lugar onde não sopra o vento; o mesmo acontece com um iogue, que controla sua mente, intelecto e ego, absorvido em seu espírito interior. Quando a inquietude da mente, do intelecto e do ego é imobilizada pela prática da yoga, o iogue, por meio da graça do espírito que está dentro dele mesmo, encontra a realização. (...) Descobriu o tesouro que está acima de todos. Não há nada mais elevado que isso. Quem o atingiu não será abalado pela mais intensa dor. Esse é o significado real da yoga - uma libertação do contato com a dor e a tristeza."

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Estabilidade

Tadasana (Postura da Montanha)

Utthita Trikonasana (Postura do Triângulo Estendido)
"Fique sempre de olho na base: esteja atento à parte mais próxima do chão. Corrija-se primeiro na raiz. As posturas de pé têm o objetivo de fornecer esse fundamento para a vida. Elas fortalecem os tornozelos e os joelhos. Quando uma pessoa está mentalmente confusa ou desanimada, ela não consegue manter-se firme nos pés. Essas posturas ensinam-na a permanecer ereta para que o cérebro possa flutuar na posição que lhe é própria." (B. K. S. Iyengar, "Luz na Vida", 344 pg., Summus Editorial)

sábado, 8 de maio de 2010

Homenagem...


Salabhasana (Postura do Gafanhoto)

Estava eu ontem na cozinha quando avistei um ser (tranquilo e alongado) na porta de acesso à área de serviço. Como me assustei, a visão ficou turva, a imaginação foi longe num lapso de segundo e pensei: "É uma barata!" Mas, não, voltei a mim e vi que era outro bicho. Seria um grilo gigante, um louva-deus ou o quê? "Você não sabe?! É um gafanhoto", disse o João mais tarde, do alto de seu conhecimento zootécnico... "Que eu saiba gafanhotos picam... E dói!", pensei eu, o bicho da cidade.
Então, aproveitando o momento "gafanhotesco", resolvi postar aqui no blog sobre a Salabhasana (Postura do Gafanhoto). Esse asana (postura) auxilia a digestão e alivia problemas gástricos. Além disso, torna a coluna elástica (e, portanto, rejuvenescida) e diminui dores lombares e sacras. De quebra, abre o peito.
Aqui o dito-cujo, que a última vez que foi visto estava no lixo reciclável, tranquilo e alongado como sempre

terça-feira, 4 de maio de 2010

Estar aqui é diferente de estar aqui de verdade

Fui assistir ao filme "Alice no País das Maravilhas", do diretor Tim Burton, com projeção em 3D (pela primeira vez na vida!). Saí da sessão com a alma lavada, como se eu tivesse participado de um sonho muito bom, como se eu tivesse (de novo essa palavra) recarregado as baterias MESMO. Maravilhamento e contentamento infantil à parte, o que aconteceu comigo durante a projeção é algo que tenho buscado (e nem sempre conseguido) em todos os momentos do meu dia: estar presente no momento presente. E como é difícil! Mas aí entra a yoga, que nos ensina exatamente isto: simplesmente estar presentes em cada ação, mas não só de corpo (e isso é o que mais fazemos) mas também de espírito. Após a prática de yoga a sensação é parecida com o "pós-Alice", porque enquanto fazemos as posturas temos tantas ações internas para vigiar (fora o esforço físico), além de voltar a atenção à respiração, que não dá pra ficar pensando na morte da bezerra... Ou estamos ali de uma vez por todas ou não conseguimos manter a postura. Então, estamos presentes de verdade naquele momento e daí vem a tão falada união corpo e mente que a prática proporciona. Isso me faz lembrar de um trecho do livro "Luz na Vida" que eu vou guardar pra sempre, do mestre B.K.S.Iyengar:
"Se somos uma mansão com centenas de aposentos e corredores, pode-se dizer então que, normalmente, estamos sempre num ou noutro aposento. Estamos na mente, na memória, nos sentidos, no futuro, no estômago (quando comemos) ou na cabeça (quando pensamos). Estamos sempre num lugar ou noutro, mas nunca ocupamos toda a nossa propriedade. Experimentar a totalidade do ser é estar em todos os aposentos da mansão ao mesmo tempo, com a luz irradiando de cada janela."

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Recarregando...

Viparita Karani é uma postura altamente revigorante porque acalma os nervos, alivia o cansaço e proporciona grande relaxamento. Além disso, sua prática regular equilibra o sistema endócrino e aumenta o fluxo de sangue para a região pélvica. Ela tem me ajudado muito nos dias de calor absurdo (temperatura média em Ribeirão Preto: 36 graus!!!). Dez minutos praticando esse asana têm mandado embora aquela moleza das tardes de verão (ops! mas não estamos no outono...?!)
Atenção: mulheres no período menstrual não devem fazer este asana

Fonte: Livro "O Livro de Yoga e Saúde para a Mulher", de Patricia Walden e Linda Sparrowe.
Foto: http://www.yogajournal.com/poses/690

terça-feira, 27 de abril de 2010

Para espantar a preguiça

Quando comecei a praticar yoga confesso que ficar em Virabhadrasana II (Postura do Guerreiro II) me causava preguiça e uma certa raivinha... Eu praticava essa postura como quem toma um remédio... Tem que tomar e pronto! E acabava, sem perceber, jogando essa irritação para o pescoço e os ombros. Com o tempo, fui entendendo melhor a postura no corpo, me ajustando a ela e descobrindo seu poder. É claro que estou falando de uma prática regular, de fazer os alinhamentos corretos e de permanências mais longas na postura. Depois de uns dois meses de prática, estava eu lá fazendo Virabhadrasana II ("o remédio"...) e, em vez de sair dela depois de 10 segundos como sempre fazia (ufa!), quis ficar e ficar e ficar... Ela me enchia de energia. De fato Virabhadrasana II é boa para mandar a preguiça embora, nos manter acordados, alertas. Então, em vez de se encher de café pra espantar o sono, que tal praticar a Postura do Guerreiro II?!

*Ilustração da postura: yogateacher.com

segunda-feira, 19 de abril de 2010

"Ao contrário da rigidez, a tensão não é boa nem má. Ela precisa estar presente no momento certo, na quantidade certa. Pesá-la ou equilibrá-la de maneira uniforme é vida. Para os iogues, não há nada nesse mundo que não carregue alguma tensão. Até os cadáveres têm tensão. Você precisa descobrir a dose certa de tensão em seu corpo; ela manterá toda a energia corporal. Tensão demais é agressão. (...) Mas tensão de menos é fraqueza."
B. K. S. Iyengar

sábado, 17 de abril de 2010

Postura anti-irritação

Dia desses fiquei irritada com determinada situação (que não vem ao caso colocar) além da conta na minha opinião. Cada vez mais tenho achado que podemos escolher ficar irritados ou não, deixar a irritação se instalar ou não. Ok. Naquele dia não consegui escolher não me irritar com aquela situação. Escolhi então ficar 5 minutos em Sarvangasana (Invertida sobre os Ombros). Depois de sair da postura a irritação tinha literalmente sumido. Parece mágica, mas não é. A postura de yoga feita com os ajustes necessários produz efeitos concretos que parecem mágicos...

"Sarvanga"= "todo o corpo" ou "todos os membros". Portanto, "Sarvangasana" é a postura que beneficia todo o corpo. B.K.S. Iyengar, em "A Luz da Ioga", diz: "A Sarvangasana é a mãe das asanas [posturas]. Como uma mãe se esforça pela harmonia e felicidade do lar, esta asana se esforça pela harmonia e felicidade dos aparelhos fisiológicos humanos. (...) Como a cabeça fica firme nesta posição invertida, e seu suprimento de sangue é regulado pelo ângulo do queixo, os nervos são acalmados. (...) Não é exagero dizer que, se uma pessoa praticar regularmente a Sarvangasana, sentirá novo vigor e força, sentir-se-á alegre e confiante".
Atenção: pessoas que têm pressão alta, problemas no pescoço ou nos ombros e mulheres no período menstrual não devem praticar esta postura!

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Savasana (Postura do cadáver ou do morto)

"O objetivo do Savasana é fazer soltar (...) como uma cobra solta sua pele para ressurgir lustrosa e fulgurante em suas cores novas. Temos muitas peles, camadas, pensamentos, preconceitos, ideias preconcebidas, memórias e projetos para o futuro. O Savasana consiste em soltar todas essas peles para que possamos ver como é magnífica e lustrosa, serena e consciente a bela serpente irisada que reside em nós." ("Luz na Vida", B.K.S.Iyengar, Summus Editorial, 344 págs.)