sábado, 27 de abril de 2013

Praticar yoga pra quê?

A cada dia que vivencio a experiência de praticar e dar aulas de yoga fica mais claro o quanto essa ciência tão antiga oferece ferramentas concretas para o mundo ser um lugar melhor para viver. Muitas pessoas procuram yoga para melhorar a saúde e fazer alguma atividade física (comigo também foi assim), e não há nenhum problema nisso. Mas com o tempo (e a prática regular), vamos descobrindo que yoga é menos um apanhado de posturas “exóticas” e contorcionismo e muito mais um jeito de viver com respeito ao outro e a si mesmo.

Outro dia, tomando café com amigos falávamos sobre o desperdício de alimentos, que por sinal está ligado ao consumo desenfreado, que por sua vez está ligado à ilusão de acharmos que precisamos sempre de mais. Mais comida, mais roupas bacanas, mais amigos no Facebook, mais aparatos tecnológicos... E é claro que pensei: “Puxa, yoga!”. Não por fanatismo, mas porque yoga nos ensina na prática os yamas, que são os princípios éticos que devemos cultivar ao nos relacionar com o mundo. Um dos yamas é Brahmacarya, que implica em autocomedimento e a capacidade de se controlar. Não se trata de um comportamento imposto, mas de algo que vamos nutrindo dia a dia até isso se tornar natural. Como diz o mestre B. K. S. Iyengar: “Yama é o cultivo do que é positivo em nós, não apenas a supressão do que julgamos ser seu oposto diabólico”.
Se é difícil frear nossos impulsos naturalmente, a prática de yoga nos ajuda concretamente a controlá-los. O fato de permanecer em determinada postura por alguns segundos ou minutos (seja ela desafiadora ou não para nós) faz com que o praticante tenha que mobilizar sim a força, a concentração, a flexibilidade, mas também a paciência, a coragem e a própria capacidade de contenção. Conter a vontade de sair da postura, por exemplo. Ou o impulso de fazer alguma ação que inviabilize a permanência nela. Com a prática regular isso vai se tornando natural e consequentemente reverberando em nosso relacionamento com o mundo e conosco. Quando vemos, estamos agindo diferente. Não porque seguimos uma cartilha de bom comportamento e “bons costumes”, mas porque na prática do que é mais concreto para nós (o corpo) recrutamos essas qualidades. Ficar mais flexível e forte é só um brinde adicional...
Namastê!