sexta-feira, 28 de maio de 2010

Cultivando tapas

Patanjali, yogue que viveu na Índia por volta do século V a.C., escreveu os Yoga Sutras, obra clássica que é um tratado sobre os aforismos (ou princípios) da yoga, a consciência e a condição humana. Confesso que ainda não o li, mas, vira e mexe, me deparo com ele. Nesse livro, ele fala, entre outras coisas, sobre niyama, que são as regras de conduta que se aplicam à disciplina humana individual. Entre as cinco niyamas está tapas, que significa ardor (ou austeridade) e que pode ser entendida também como autoesforço ou prática.
Paschimottanasana (Postura da Pinça)

Uma noite dessas estava chegando na academia para dar aula e uma aluna minha (que já estava de saída) me chamou na sala e disse: "Preciso te mostrar uma coisa!". Fui atrás dela curiosa e contagiada pelo seu entusiasmo. Ela se sentou no chão, fez  Paschimottanasana (Postura da Pinça) e me disse com os olhos brilhando: "Olha isso!" Ela, que quando iniciou a prática quase não chegava com as mãos nos joelhos, depois de quase 3 meses frequentando as aulas com regularidade estava ali: tranquila na postura, coluna alongada, mãos entrelaçadas além dos joelhos, sorriso nos lábios, desfrutando os resultados de manter tapas dia a dia...

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Yoga não é só prática de posturas


O Bhagavad-Gita é um livro considerado a mais importante fonte autorizada da filosofia iogue. No sexto capítulo desse livro, aparece uma das definições da yoga:

"Uma lâmpada não tremula num lugar onde não sopra o vento; o mesmo acontece com um iogue, que controla sua mente, intelecto e ego, absorvido em seu espírito interior. Quando a inquietude da mente, do intelecto e do ego é imobilizada pela prática da yoga, o iogue, por meio da graça do espírito que está dentro dele mesmo, encontra a realização. (...) Descobriu o tesouro que está acima de todos. Não há nada mais elevado que isso. Quem o atingiu não será abalado pela mais intensa dor. Esse é o significado real da yoga - uma libertação do contato com a dor e a tristeza."

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Estabilidade

Tadasana (Postura da Montanha)

Utthita Trikonasana (Postura do Triângulo Estendido)
"Fique sempre de olho na base: esteja atento à parte mais próxima do chão. Corrija-se primeiro na raiz. As posturas de pé têm o objetivo de fornecer esse fundamento para a vida. Elas fortalecem os tornozelos e os joelhos. Quando uma pessoa está mentalmente confusa ou desanimada, ela não consegue manter-se firme nos pés. Essas posturas ensinam-na a permanecer ereta para que o cérebro possa flutuar na posição que lhe é própria." (B. K. S. Iyengar, "Luz na Vida", 344 pg., Summus Editorial)

sábado, 8 de maio de 2010

Homenagem...


Salabhasana (Postura do Gafanhoto)

Estava eu ontem na cozinha quando avistei um ser (tranquilo e alongado) na porta de acesso à área de serviço. Como me assustei, a visão ficou turva, a imaginação foi longe num lapso de segundo e pensei: "É uma barata!" Mas, não, voltei a mim e vi que era outro bicho. Seria um grilo gigante, um louva-deus ou o quê? "Você não sabe?! É um gafanhoto", disse o João mais tarde, do alto de seu conhecimento zootécnico... "Que eu saiba gafanhotos picam... E dói!", pensei eu, o bicho da cidade.
Então, aproveitando o momento "gafanhotesco", resolvi postar aqui no blog sobre a Salabhasana (Postura do Gafanhoto). Esse asana (postura) auxilia a digestão e alivia problemas gástricos. Além disso, torna a coluna elástica (e, portanto, rejuvenescida) e diminui dores lombares e sacras. De quebra, abre o peito.
Aqui o dito-cujo, que a última vez que foi visto estava no lixo reciclável, tranquilo e alongado como sempre

terça-feira, 4 de maio de 2010

Estar aqui é diferente de estar aqui de verdade

Fui assistir ao filme "Alice no País das Maravilhas", do diretor Tim Burton, com projeção em 3D (pela primeira vez na vida!). Saí da sessão com a alma lavada, como se eu tivesse participado de um sonho muito bom, como se eu tivesse (de novo essa palavra) recarregado as baterias MESMO. Maravilhamento e contentamento infantil à parte, o que aconteceu comigo durante a projeção é algo que tenho buscado (e nem sempre conseguido) em todos os momentos do meu dia: estar presente no momento presente. E como é difícil! Mas aí entra a yoga, que nos ensina exatamente isto: simplesmente estar presentes em cada ação, mas não só de corpo (e isso é o que mais fazemos) mas também de espírito. Após a prática de yoga a sensação é parecida com o "pós-Alice", porque enquanto fazemos as posturas temos tantas ações internas para vigiar (fora o esforço físico), além de voltar a atenção à respiração, que não dá pra ficar pensando na morte da bezerra... Ou estamos ali de uma vez por todas ou não conseguimos manter a postura. Então, estamos presentes de verdade naquele momento e daí vem a tão falada união corpo e mente que a prática proporciona. Isso me faz lembrar de um trecho do livro "Luz na Vida" que eu vou guardar pra sempre, do mestre B.K.S.Iyengar:
"Se somos uma mansão com centenas de aposentos e corredores, pode-se dizer então que, normalmente, estamos sempre num ou noutro aposento. Estamos na mente, na memória, nos sentidos, no futuro, no estômago (quando comemos) ou na cabeça (quando pensamos). Estamos sempre num lugar ou noutro, mas nunca ocupamos toda a nossa propriedade. Experimentar a totalidade do ser é estar em todos os aposentos da mansão ao mesmo tempo, com a luz irradiando de cada janela."