quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Prioridades


Dia sim, dia não escuto alguém dizer que está muito estressado, correndo de um lado para o outro e que está precisando relaxar um pouco, quem sabe começar a praticar yoga etc., etc., etc. Fico pensando se esse muro de lamentações já não se transformou num meio de vida. As pessoas reclamam que não têm tempo para elas, que gostariam de começar a caminhar todos os dias, que gostariam de jogar futebol duas vezes por semana, que gostariam de começar aquela aula de yoga, que gostariam de ir para a aula de pintura etc., etc., etc., etc., se alimentam dessa ladainha e não saem do lugar efetivamente. Eu desconfio que esse chororô permanente (reclama-se até do que se gosta!): 1) é um jeito de as pessoas mostrarem que são seres do mundo contemporâneo (o que pressupõe seres ocupadíssimos, "produtivíssimos" e plugadíssimos em tudo e nada); 2) é um modo de as pessoas se reconhecerem. "Será que se eu mudar, desacelerar um pouco, dedicar 2 horas por semana só para mim eu continuarei a ser eu?!"; "Não estarei perdendo algo?!"...
E quando finalmente o ocupadíssimo(a) resolve se dedicar a ele(a) (pelo menos duas vezes por semana vai correr no parque), ao menor sinal de contrariedade, a primeira coisa que ele(a) corta é essa tal atividade "ligada ao bem-estar", como se isso fosse de fato um acessório, um plus a mais. Então, tá. Viver "de verdade" é não ter tempo para si mesmo. Mas, não seria o contrário?! Ou achamos que vai dar tempo, depois a gente muda o que incomoda, vai! "Amanhã eu tento ser uma pessoa mais relax..."Como se essa atitude acontecesse como um passe de mágica...
O yoga não é o único caminho para se aprender a viver com um pouco de equilíbrio, mas ensina duas coisas preciosas: ser preciso (não se enganar com desculpas) e a viver o presente (o que não combina com deixar nada para amanhã).
Namastê!

5 comentários:

  1. Fa, inspiração total!!!!
    Sim, "viver de verdade é não ter tempo pra si mesmo".
    É isso que o inconsciente coletivo do capitalismo selvagem prega em nossas mentes.
    "Produza, produza, produza. Não perca seu tempo com essa coisa de bem-estar."
    Somos homens primatas do séc. XXI.

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  2. Que doido, né, Lu?! As pessoas fingem para elas mesmas que se rebelam contra isso mas continuam vivendo do mesmo jeitinho de sempre...

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  3. Doido mesmo! Principalmente quando a gente acha que tá na contra mão, mas no fundo tamo indo junto. rsrsrs
    Brincadeira.
    Acho que a gente tá na contra mão sim: no grupo (dos poucos) que tem tempo para si, sem remorso algum.

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  4. É a busca pelo "sucesso". Qual sucesso?! Definido por quem?
    Quantidade sem o menor resultado, sem o mínimo de QUALIDADE!
    E culpa... Como se fosse "pecado" arrumar um tempinho para sermos mais felizes. Ou pelo menos tentarmos...
    E no final das contas, "darmos conta" do tal "resultado", da tal "produtividade".
    Infelizmente estamos "invertidos": ainda descartamos o que deveria ser o mais legal e que deveria também, pra valer, caminhar de mãos dadas com as coisas que são realmente prioritárias. Bjs., João

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  5. E que "produtividade" é esta, né, maridu?!

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