"Toxinas físicas e mentais criam enrijecimento e tensão. Qualquer coisa que pode enrijecer-nos pode também quebrar-nos. Entretanto, se nos mantivermos flexíveis jamais quebraremos.
Isso me faz lembrar a conversa entre uma pequena erva e uma grande árvore. Ambas cresceram à margem da correnteza de um rio na selva. Um dia a árvore olhou para a erva que estava lá embaixo e disse: 'Hei, criaturinha insignificante, por que você fica perto de mim? Não tem vergonha de estar a meu lado? Vê como sou frondosa, grande e alta? Mas olhe só você. Ah! Você não deveria ter vindo aqui. As pessoas notarão a diferença e rirão de você. Por que não se muda para algum outro lugar?'
A erva inclinou a cabeça. 'Senhora', disse, 'que posso fazer? Não vim para cá de propósito. Estou aqui por mero acaso. Sei que não sou tão forte e rija quanto a senhora. Mas, por favor, perdoe minha presença.'
'Está bem', disse com voz rouca a árvore, 'mas não esqueça seu lugar!'
Essa conversa aconteceu durante a estação de chuvas. Exatamente no dia seguinte caiu uma chuva pesada, inundando a floresta e causando uma enchente terrível. Nas enchentes, as margens do rio sofrem erosão e arrastam qualquer coisa que está em seu caminho. Com tal força vieram as águas, que arrastaram imediatamente a grande árvore. Mas a erva dobrou-se, achatou-se completamente e deixou que as águas passassem sobre ela. Quando terminou a enchente, ela ergueu-se outra vez. Olhando para um lado e outro, admirou-se: 'Que aconteceu com a grande árvore?Não a estou vendo.'
De longe, ela ouviu a árvore replicar: 'Estou sendo levada pelas águas. Eu deveria ter sido humilde, simples e flexível como você. Agora vou ser destruída.'
O que necessitamos é da resistência do aço, mas com a sua flexibilidade - não como o ferro bruto, que é muito forte e duro, porém quebra." ("Os Sutras do Yoga de Patanjali - Tradução e Comentários por Sri Swami Satchidananda)